sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Você é um otário

RODOLFO VIANA
Jornalista, editor do PdH e cover do Pablo (aquele do programa "Qual é a música"). Se Rodolfo te deve dinheiro, você pode encontrá-lo no Twitter e no Facebook.

É isso mesmo. Você, caro leitor, é um otário. Um puta de um imbecil demagogo do caralho. Mas não se sinta ofendido. Por favor, não me leve a mal. Afinal, todos nós somos escrotos. Você, eu, nossos amigos, nossos chefes, nossas namoradas, nossos pais… Infelizmente, faz parte do nosso inconsciente coletivo essa cota de demagogia que faz de cada um de nós um belo exemplar de verme – o que não nos impede de tentar extirpá-la.



É como se o mundo conspirasse para fazer de nós uma espécie de Larry Gopnik
("Um Homem Sério"). De quem é a culpa?

Acabei de comprar remédio controlado sem receita médica. Eu estava com o papel escrito em letras tortuosas, carimbado, datado, assinado no meu bolso, mas preferi ver se receberia a droga mesmo sem apresentá-lo. Na farmácia da esquina – não qualquer drogariazinha de bairro, mas uma filial de rede renomada, com comercial na TV e o caralho a quatro –, pedi o remédio pelo nome com um sorriso no rosto e a atendente logo me trouxe a caixinha. Vinte e oito comprimidos de um antibiótico foda. Tomados juntos de uma só vez, matariam até um cavalo, acho. Para completar, ganhei desconto de R$ 7 no caixa (sou cliente cadastrado).

Quem é o idiota na história? Eu, que consegui o remédio que queria sem seguir as regras? A atendente, que fez o papel de bem servir? A farmácia, que lucrou alguns caraminguás? O Estado, que provavelmente vai ter despesa se um otário fizer como eu mas, em vez de tomar o medicamento da maneira adequada, ingerir todas as 28 cápsulas como se fossem jujubas?

O idiota somos todos nós. A gente se faz de esperto sem imaginar que, na outra ponta, alguém sairá perdendo. Esquecemos disso porque, na real, nós não ligamos para isso. Afinal, o mundo gira em torno do nosso umbigo.

Eu me lembro quando uma amiga minha, Sabrina, voltou de Londres. Passara dois anos lá. Fomos a um bar na Paulista comemorar seu regresso.

— E aí? Já se acostumou ao Brasil?

— Não sei. Uma coisa eu percebi logo que cheguei: aqui no Brasil, parece que todos querem te fazer de otário todo o tempo.


Sabrina, você é uma linda mulher. E otária como todos nós.


“Todos querem te fazer de otário todo o tempo”. Não sou desses que amam odiar o País, mas neste caso, faz sentido. Por aqui é comum ser feito de otário todo o tempo. Eis uma ponderação que Darcy Ribeiro nunca colocou no papel. Que Caetano nunca musicou. Que Paulo Francis nunca escancarou. Darcy, Caetano, Francis, todos otários. Sabrina, com sua pele imaculada, é otária. Eu, diante deste notebook, sou otário. Você, lendo este texto, adivinhe o que é?

Sempre que se aperta o botão para fechar a porta do elevador mais rápido e evitar que outros entrem; sempre que se finge dormir no banco de idosos do metrô para não ser incomodado pelos velhinhos e pelos olhares repreensivos; sempre que se introduz uma linha microscópica num contrato qualquer; sempre que se oferece e se aceita bala em troca de moedas no boteco estipula-se de maneira velada quem é o Gérson Canhotinha de Ouro da vez. E, para manter a harmonia do universo e não se criar um buraco negro, também se evidencia quem é o trouxa.




Link YouTube | Gérson: de boleiro e galã do cigarro Vila Rica à personificação do espírito “levar vantagem em tudo”.

Mire-se no espelho, seu puto
Mas não somos apenas vítimas, e sim autores de pequenos gestos, como furar uma fila para entrar na balada; e de grandes façanhas, como diminuir o tempo do sinal verde em alguns semáforos de São Paulo para aumentar o tráfego, criar congestionamentos e fazer o motorista perder a cabeça ao ponto de cometer infrações e pagar multas.

— Repare — diz o motorista que me acompanha a uma pauta. No rádio, Bezerra da Silva.

— Repare no quê?

— No semáforo.

Ele abre. Há cinco carros na nossa frente. Três passam. O sinal fecha. Foram oito segundos de luz verde. E seguem-se quarenta de vermelha.

Atordoado, o motorista xinga Kassab. Diz que “a Veja devia fazer uma matéria sobre isso”. Que “nunca mais ele se elege em São Paulo”. Que “é o fim do mundo a gente pagar tantos impostos e ter a dignidade praticamente estuprada no dia a dia”.

Eis que ele come faixa, faz um retorno irregular e segue adiante, vociferando demagogia. O otário de hoje é o filho da puta de amanhã.

Seu Bezerra da Silva, desculpe corrigi-lo, mas o mundo não se divide em malandros e manés. Como já dizia Cartola, o mundo é um moinho, meu caro. O puto que está em cima logo vai descer. De malandro a mané, de mané a malandro. E acredite, você é um imbecil. Cartola também.



Ouça-me bem, leitor, preste atenção: o mundo é um moinho que vai triturar teus sonhos tão mesquinhos.


RODOLFO VIANA
Jornalista, editor do PdH e cover do Pablo (aquele do programa "Qual é a música"). Se Rodolfo te deve dinheiro, você pode encontrá-lo no Twitter e no Facebook.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Sobre doutores e outras bajulações

Por Cássia Fernandes

lambe-botas-imagem.jpg

Talvez eu tenha mesmo certa dificuldade em aceitar e lidar com a figura da autoridade e ache que no mundo são todos iguais (saiba, afinal, “todo mundo foi neném/ Einstein, Freud e Platão também/ Hitler, Bush e Saddam Hussein/ Quem tem grana e quem não tem”), como canta Adriana Partimpim). Talvez no fundo eu pense que não deveriam existir hierarquias, classes ou castas. Talvez eu seja um pouco rebelde, anárquica ou anarquista.

Não, não disso... Sei muito bem reconhecer a figura de autoridade, conferida pela competência, conhecimento e até pelos instrumentos um pouco tortuosos e questionáveis da democracia: o voto, o sufrágio universal. Ah, e até a autoridade que advém do passar do tempo, dos cabelos brancos, conquistada ou mesmo imposta pelos laços do afeto e do respeito.

Em minha casa, por exemplo, sempre fomos acostumados a responder aos chamados de pai e mãe com um “senhor” ou “senhora”, jamais com “o que?”. Isso seria repreensão na certa ou até boca lavada com sabão preto de soda. E nem nunca foi preciso que meus pais usassem de medidas tão severas, porque sempre aceitei de bom grado a imposição, que me parecia simplesmente adequada, até porque eram mais velhos – fui filha temporã – e de origem rural. Era simplesmente o costume, a tradição.

Mas uma coisa com a qual não me acostumo é a tal da cerimônia do arrasta-bunda, do lambe-botas, do puxa-testículo, escancarada e desavergonhada. E com as suas manifestações mais leves e mais sutis: uma simples forma de tratamento usada nas circunstâncias inapropriadas. Por exemplo, não consigo achar natural chamar alguém que não é doutor de doutor. E não sou dos que acham que o termo deveria ser empregado apenas para quem éphilososophus doctor ou doutor honoris causa e outros academicismos. Para mim, doutor é simplesmente médico, o que se forma em medicina e exerce a profissão. Usá-lo em outra circunstância é simplesmente forçação de barra.

Os demais são senhores, senhoras, madames,mademoiselles, cara, véi, o escambau, o que mais couber, mas doutor, pelaamordedeus, não! Doutorizar o dono ou diretor rico da empresa, ou o chefe do órgão público, só porque ele detém o poder da caneta, do contra-cheque ou do grito, é no mínimo uma manifestação de subserviência. Ah, vá lá, se você é mais velho, pode até ser a repetição de um hábito adquirido em tempos em que órgão público era repartição, em que não havia nomeações técnicas, concursos públicos e tudo eram arranjos e favores políticos. Então, era preciso ficar o tempo todo manifestando gratidão e adoração pelo concedente do favor concedido. Não que estejamos tão distantes desse tempo ainda, mas muitas coisas, convenhamos, mudaram.

E pra provar que não estou sendo tão rebelde ou radical assim, até tolero ver gente do meio jurídico, advogados, juízes, promotores e simpatizantes se tratarem mutuamente de doutor fulano, doutora fulana, porque, pobrezinhos, suas pisquês ainda vivem na Roma Antiga, entre togas, espelhos, jargões e citações em latim.

histórias agudas e crônicas


Senhora é a sua vó! - Mas se você não for se dirigir nem a um médico nem a um vaidoso advogado, por que chamá-lo de doutor? E por que pronunciar esse termo num tom ora hiperbólico, ora meio humilhado. “Ah, doutor, que honra o Sr. aqui!” E por que repetir mil vezes diante do doutorizado, como se ela fosse mel em sua boca e música para os ouvidos dele? “Está bem para o senhor, doutor?”

Aliás não bastaria usar o tratamento “senhor” quando se desejasse manifestar respeito? Para mim, bastaria. Aliás, para mim seria suficiente que não me chamassem de “senhora”, porque a única coisa que essa palavra me remete é que não, não estou ficando mais poderosa, mas apenas mais velha! (Please, se alguma vez eu for alguma coisa na ordem desse mundo, o que é bem improvável, só me chamem de você. Ainda que eu esteja caindo de caduca e decrépita, façam-me essa caridade: me chamem ainda de você. Ainda que precisem completar “vossa mercê, sua velha vinda do século passado!”)

Confesso que muitas vezes sinto vergonha alheia quando testemunho essas e outras manifestações bajulosas. Coloco-me não só na posição do que encera o chão com as nádegas, mas do pobre senhor(a) rico(a) ou poderoso(a) que as recebe. Costumo observá-los demoradamente, ao subserviente, para ver se noto em sua face humana algum resto de dignidade, ou ao doutor, para ver se vislumbro ali algum sinal de constrangimento ou desagrado. Porque uma coisa em que sempre me recusei a acreditar é que pessoas com certo grau de cultura, esclarecimento, modéstia, senso de realidade ou do ridículo, possam se sentir à vontade e massageadas, tendo os pés lambidos e o saco puxado. Ora, alguém que é minimamente inteligente sabe que elogios demasiados, pronomes ou títulos fora do lugar escondem por trás medos, interesses, e raras vezes legítima admiração ou amizade.

Certa vez, porém, observando o caso de um conhecido, muito inteligente por sinal, que era cotado para importante cargo público, me surpreendi com sua reação de gozo e felicidade ao receber os mais molhados lambidos, os mais ritmados puxões. Espantei-me e manifestei minha preocupação a alguém, que me deu uma interessante explicação. A razão era que pessoas que ocupam importantes cargos de chefia, tanto em estabelecimentos públicos quanto privados, posições muito cobiçadas, alvos constantes de ameaças e conspirações, têm uma estranha necessidade de receber provas de apreço, de amizade, de fidelidade.

Só assim conseguem acreditar diferenciar seus amigos de inimigos. Aqueles que dão a cara a tapa, que defendem publicamente seu nome e sua posição, aqueles seriam seus verdadeiros amigos, não seriam capazes de traí-lo. Faz sentido. Mas sedutor engano, porque o subserviente em geral é promíscuo ao se submeter, subjugar e submergir. Ora submete-se a um, ora a outro, conforme o vento ou seus interesses sopram.

Para concluir este texto que já se estendeu demais, fico pensando que esse hábito que tanto me irrita serve de alerta pra todos nós, para não sermos tentados pela sedução da autoridade, para, na hipótese de um dia virmos a ser “doutores de alguma coisa”, não cairmos nessa perigosa armadilha do ego, da vaidade. Talvez devamos sempre então nos lembrar dos velhos clichês: todos nós tivemos o bumbum lavado, e principalmente “todo mundo vai morrer/presidente, general ou rei/anglo-saxão ou muçulmano/todo e qualquer ser humano”.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Copyright ou Copyleft? Eis a questão!

Após alguns meses afastado, dedicando-me a projetos pessoais e profissionais, volto a escrever aqui, mais um texto que considero necessário neste momento. Uma discussão acalorada a respeito da lei de direitos autorais no Brasil, que na visão de vários blogueiros e críticos do assunto sofreu um revés com a nomeação da ministra Ana de Hollanda, que logo após assumir a pasta, decidiu retirar do site do Ministério da Cultura a licença Creative Commons e voltou-se à favos do ECAD (Escritório Central de Arrecadação de Distribuição) que na teoria (só na teoria) defende os direitos autorais de artistas.

Nessa discussão toda, entraram nomes como o controverso e pouco esclarecedor Caetano Veloso, defendendo o modelo ECAD e condenando o compartilhamento digital.

Não se ligaram ainda, que a Internet é um novo meio de transmissão cultural e que ferramentas como Youtube, Twitter, Facebook, Blogger, entre outras, vieram para disseminar uma infinidade de ideias e conceitos que não tem (ou pelo menos não tinham) lugar na mídia tradicional. Com elas, é possível que um anônimo torne-se celebridade da noite para o dia, simplesmente mostrando seu talento em um vídeo, em um texto, em uma música...

A mídia tradicional, que agencia e promove talentos criados com a força do dinheiro, com programas ridículos como Ídolos vem perdendo de goleada para talentos natos como o jovem Jean "Walker", um taxista de Belo Horizonte que despontou no Youtube, cantando identicamente a Michael Jackson. Vejam o vídeo aqui.

Pessoas que não contam (ou pelo menos não contavam) com a força do rádio, do jornal ou da TV para demonstrarem seus talentos, agora são conhecidos e reconhecidos pelo seu potencial e não pelo marketing criado ao redor deles, como o objetivo único de gerar dinheiro para um bando de empresários sanguessugas.

Recentemente, o cineasta Francis F. Copolla emitiu um parecer a respeito da onda de compartilhamento de músicas, vídeos e textos pela Internet com o argumento claro e justo de que essa ideia de Direito Autoral é uma coisa relativamente recente. Até poucos séculos atrás, artistas criavam e se exibiam basicamente pelo amor à arte e em busca de reconhecimento do público, que em troca. Pintores como Leonardo Da Vinci e Boticcelli eram sustentados por famílias nobres, que incentivavam a produção de belíssimas obras de arte, simplesmente permitindo que eles tivessem acesso a todos os recursos necessários para tal e hoje, podemos apreciar suas obras, expostas em museus e através de livros ou mesmo pela Internet.
Do mesmo modo, Copolla acredita que os artistas do século XXI devam criar arte, não pelos benefícios financeiros, mas pelo objetivo de deixarem à humanidade um legado que se perpetue em nossas culturas e faça parte de nosso futuro. Somente assim, nossa arte será livre da exploração de empresários inescrupulosos que visam o lucro e deixam o artista em segundo plano, tendo de sobreviver às custas de direitos autorais arrecadados de maneira pouco transparente e distribuidos de modo igualmente duvidoso.

A bem sucedida experiência da Apple com as lojas eletrônicas de música, cinema e recentemente de programas de televisão, mostrou ao mundo, que os argumentos da indústria cultural estavam errados, ao sinalizar que ninguém compraria uma música ou um filme pela Internet. Hoje, a iTunes Store é a maior loja de mídia do mundo, vendendo músicas a partir de US$ 0,99, deixando à cargo do comprador a escolha de quais músicas valem a pena serem adquiridas e não empurrando a ele, um pacote "encaixotado" em uma mídia física, como um CD ou DVD, em que para levar aquela música que ele deseja, tem que levar outras tantas que não são tão boas. Isso despertou na indústria cultural uma corrida voraz à Internet, levando a RIAA (O ECAD norte americano) a introduzir limitações rigorosas em sites como o Youtube, barrando qualquer conteúdo com copyright. Dessa forma, um vídeo que possua uma trilha musical com copyright, tem o seu áudio cortado diretamente pelo Youtube. Esse é o tipo de política mesquinha e perversa da RIAA que não quer largar o osso de maneira alguma. Vai continuar tentando barrar de todas as maneiras possíveis a inevitável migração cultural do meio físico para o meio digital, pela simples recusa de ingressar nesse meio como mais um competidor e não como a dona de todo o material cultural disponível.

Minha previsão é que o compartilhamento e a flexibilização dos direitos autorais diretamente pelos músicos permitam que somente os bons artistas permaneçam no mercado cultural, excluindo esses engodos do show bizz criados pela mídia de massa para nos levar a consumir algo que não nos traz o mesmo benefício.

Aguardamos para ver o desfecho dessa história em breve. Algo me diz que essa década será a década da abertura do mercado para o irrestrito, acessível a todos. Somente assim, o mundo será um pouco menos fake do que é hoje!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Entre a democracia e a hipocrisia.




Infelizmente, o blog "O Mundo é Fake" teve de ser inaugurado com um tema um pouco mais incômodo do que o objetivo para o qual foi criado, mas com a aproximação das eleições, sinto-me na obrigação de abordá-lo neste espaço, pois acredito que o tema tem tudo a ver com o seu propósito: "Denunciar às pessoas a falsidade com que a mídia e alguns setores da sociedade pintam o mundo". Não que este seja um tema novo, mas parece que não importa o quanto as pessoas sejam instruídas... sempre há espaço para a manipulação da opinião em favor de uma minoria dominante. Mas vamos deixar de papo furado e vamos direto ao assunto.
Com as eleições de 2010, o Brasil se dividiu em temas que até há pouco tempo adormeciam no limbo da opinião pública pelo simples fato de não terem a devida importância com que a mídia agora, levanta e questiona os candidatos à presidência da república. Temas como o aborto e a união de pessoas do mesmo sexo, que eram tratados como coisas cotidianas, agora se levantam como se fossem os fatores preponderantes para a escolha de um líder de um país do tamanho do Brasil.
Dizer que a democracia pressupõe a tolerância entre as escolhas pessoais de nossos semelhantes não parece tão importante quanto afirmar que aqueles que defendem o aborto em hospitais públicos são vilões cruéis, que não prezam pela vida e pelos valores cristãos.
Essa encruzilhada que as igrejas cristãs (católicas ou protestantes) trouxeram convenientemente à luz da discussão em vésperas de eleição, questões que serão em breve jogadas de volta na grande caixa da demagogia hipócrita que a sociedade guarda para revirá-la quando lhe convém.
Como se não houvessem temas mais importantes para se debater nesse momento, como o acesso maior dos cidadãos à saúde pública, em troca dos altos impostos que pagamos, mesmo tendo que desembolsar mais uma bela quantia em um plano de saúde particular para termos um atendimento decente ou os valores extorsivos que pagamos em escolas particulares para que nossos filhos não estejam sujeitos a saírem semi-analfabetos das escolas públicas. Sem contar os pedágios que pagamos para nos locomovermos de uma cidade a outra, como se fosse nossa a obrigação de pagar por uma estrada bem cuidada e devidamente sinalizada. Quem mora em SP sabe que o peso dos gastos com condução, alimentação, saúde, educação, telecomunicações e segurança levam do bolso do contribuinte, nada menos que 65% do dinheiro ganho com o suor do seu trabalho. Mesmo assim, parece que o cidadão está bem contente, pois tudo o que importa na escolha do próximo presidente é saber se o filho do vizinho (ou o seu próprio) não se casará com um outro rapaz ou se a sua filha de 14 anos cometerá o ato estúpido de fazer um aborto, porque não teve em casa ou na escola a instrução suficiente para saber que hoje existe pílula anticoncepcional ou preservativos (que além de prevenir a gravidez, também evita DSTs) .. A hipocrisia dos seres humanos tem a proteção implacável da mídia e das igrejas, que alimentam o preconceito e a estupidez, mesmo com o avanço da ciência, não enxerga que o conceito de Deus é uma criação humana para desviar nossos olhos do óbvio. Se um planeta com 4,5 bilhões de anos, que Galileu há 400 anos provou que não era o centro do universo, como afirmava a sapientíssima igreja, não passa de um grão de areia na imensidão do cosmos, é tão insignificante que uma forma rara de vida inteligente (ou nem tanto) precisa inventar um ser superior para justificar a sua própria evolução, negando a razão da ciência, que Charles Darwin investigou e comprovou no livro "A Origem das Espécies" há mais de 100 anos. Mesmo assim, nós, ignorantes seres pseudo evoluídos sentimos a necessidade de acreditar em algo inalcançável para negar a verdade simples de que nós estamos na vida apenas de passagem e daqui, não iremos para lugar algum. Mas se eu digo isso, protegido pela liberdade de expressão da qual a constituição me ampara, logo surgem pessoas que me condenam e me julgam o Anti-Cristo e o disseminador da discórdia e pregador de Satanás. Infelizmente, meus amigos, o mundo é assim ... O Mundo é Fake. E no decorrer das próximas semanas, darei a vocês, em doses homeopáticas, um pouco mais da verdade nua e crua que a mídia e os líderes religiosos convenientemente escondem dos nossos olhos, numa tentativa de evitar a próxima revolução à qual a humanidade está prestes a testemunhar: A REVOLUÇÃO INTELECTUAL.